sábado, 5 de março de 2011

Mediações sobre o sonho

Em um de seus poemas Alberto Caeiro ( Fernando Pessoa) reflete sobre o sonho:

"O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte —
Os beijos merecidos da Verdade"



 
Então, comecei eu a indagar sobre o que é o sonho. O sonho só se constitui a priori nos limites intrísecos da razão humana , na fronteira com a emoção. Um sonho não pode ser reconhecido como tal enquanto realizável, porque, quando ele se exterioriza do ser passando para a realidade sensível, o ser que o guardava não mais se sente insatisfeito, não mais tem aquele objetivo e não tem mais a beleza da dúvida sobre se ele é possível ou não, pois já o adquiriu. A realização do sonho não é mais sonho, é a consecução da representação do sentido da vida sobreposto na sua forma mais alcançável da experiência perceptível.

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