quinta-feira, 28 de abril de 2011

A busca do saber




O meu mundo possui algo de enigmático. Eu observo tudo cautelosamente como se fosse da primeira vez; espanto-me com imagens que eu vejo desde sempre; é como se aquilo que vejo fosse apenas uma pequena parte do todo, alcançável apenas pelos meus órgãos sensoriais; eu olho, mas não vejo. Todos os fins de tardes eu dou uma caminhada pelo quintal de minha casa, olho para cima e vejo o sol já a esmorecer-se, aí eu me inquieto, vasculho, percorro o olhar em todas as direções, percebo que existe algo a descobrir, no céu ou em mim; no observador ou no objeto observado. È a minha intuição, escuto a sua voz muda nos meus ouvidos: a tua sensibilidade te engana e te esconde a essência daquilo que tu analisa. Pare. Pense. Desconstrua-se. Liberte-se.

sábado, 16 de abril de 2011

EU, O LIXO E O VALE




O que eu sou não importa mais, não consigo mais me reconhecer em meio a tantos reflexos, a tantos feixes de luzes que incidem fortemente em mim. Eu sou pré-determinado por lixo, sobrevivo do que não serve mais para os outros e incinero–me todas as noites.

Todas as manhãs sinto-me limpo, suave e cristalino. Ao meio dia já estou espirrando da poeira formada por cada partícula do conhecimento inútil que absorvo na faculdade. À noite já estou vomitando do fétido odor que emana do meu cérebro morto, ele apodrece sendo roído pelos mesmos vermes que roeram os corpos de Jesus e Hitler.

Eu só me reconheço quando detecto algo de estranho em  mim, sei o que sou por eliminação, mas ou eu elimino tudo ou não elimino nada. Sou um dilema, as vezes vazio, cheio, metade, misturado, selecionado. O que está em construção é indefinível e só vou saber o que sou na hora da morte: infinito.